quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Carta a Selleon Ivorein

Threshold, 11 de Flaurmont de 1012 (calendário thyatiano)

Caro amigo Selleon Ivorein (Elfo de Alfheim),

Perdoa-me pela demora em mandar-te notícias, Selleon. Acontece que somente agora me estabeleci com firmeza e recursos suficientes para planejar os próximos passos de minha missão.

Como é de teu conhecimento, passaram-se dois meses desde que parti (Vatermont) de Rifllian após ouvir sobre a tragédia que assolou a ti e teus companheiros. Encontrei em minha breve jornada amigos pelos quais daria minha a vida e que também dariam a deles por mim. Creio que vale a pena citar seus nomes, pois seguramente tornar-se-ão personalidades notáveis de Karameikos e talvez até mesmo de Mystara.

Falo primeiro do jovem mais corajoso que já conheci. Afirmo que mesmo que alguém seja um dia tão bravo quanto Alex TinderOwl de Verge, nunca será como ele. Logo que parti, pousei em Verge por dois ou três dias e nesse tempo assisti a um interessantíssimo costume do povo traladarano – o chamado Rito da Fenda, uma cerimônia simples, porém carregada de significado. O rapaz deve retornar à sua família, quando construir seu nome. Falei-lhe de meus objetivos e ele aceitou acompanhar-me de muito boa vontade, pois reconhecia a nobreza dessa empreitada e a necessidade por se fazer justiça. Alex e eu passamos a maior parte do tempo juntos, ora aprendendo um com o outro, ora defendendo a vida um do outro.

A região possui mais comunidades silvestres do que imaginava, onde vivem humanos e diversas espécies feéricas. Num deles, pude encontrar Darius, o paciente. Sempre me comovo quando vejo um humano que escolhe dedicar toda a sua vida ao meio-ambiente. Nós elfos vivemos em comunhão com a floresta, mas retiramos nossa verdadeira força da magia. Aprendi com Darius que a natureza tem poder tanto para a destruição como para a proteção e penso que os elfos poderiam voltar-se mais a isso. Conhecemos há uma semana outro druida, que vive no pequeno povoado de Eltan’s Spring. Seu nome é Bertrak e, no memento, ele e Darius trabalham juntos para restaurar a vegetação próxima ao povoado que foi destruída por uma ignóbil bruxa.

Há também Silvana Rubi, uma admirável traladarana por quem admito sentir algo mais do que mera amizade. Ela é formosa, astuta, sedutora e conhecedora da magia. Minhas mãos até tremem um pouco enquanto escrevo sobre ela. Ainda desconheço seus objetivos e aspirações, mas ela tem demonstrado crescente interesse em mim e meus amigos, talvez ela também esteja se comovendo pela causa élfica.

Não poderia também deixar de falar de Sorian Valonir, um irmão Elfo. Conheci-o há três dias, e o valoroso patrulheiro salvou minha vida, mesmo tendo a consciência de que ao fazê-lo, estaria se desviando de sua missão. Tenho-lhe muita gratidão. Sua origem me é desconhecida, mas suas feições são Callari. Sua família não dever ser de Rifllian nem de Radlebb, caso contrário eu o conheceria. Acredito que este novo amigo se mostrará um fiel companheiro de aventuras.

Conheci também Liandra Beleren, uma estudante da Escola Karameikana de Artes Arcanas. Sei que se trata de uma boa pessoa, mas a situação em que nos encontramos e a maneira como se porta levanta suspeita de minha parte. Tenho várias perguntas das quais ela sempre encontrar um meio de se esquivar – possivelmente o que a ensinam na academia. Qual o interesse da EKAA nessas redondezas? Como os magos humanos frequentemente enxergam a magia como forma de poder, usando-a para propósitos vis, ficarei de olhos bem abertos sobre Liandra.

No entanto, não conheci apenas amigos nestes dois meses. Karameikos está, infelizmente, infestada de perigos e criaturas malignas. Goblins espreitam atrás das árvores os viajantes incautos, trabalhando para seres mais poderosos, como a bruxa que mencionei. Conheci um gnomo que usava magia para criar um troll ilusório e cobrava pedágio dos transeuntes de uma ponte. Há também um halfling com quem viajei por alguns dias – um grande aproveitador que se porta de maneira desleixada e inconsequente, a vadiagem é seu modo de vida.

E há também um terror maior que todos esses – o Anel de Ferro – uma guilda de escravocratas que sequestram e vendem pessoas para o exterior. Nossas atividades em Threshold têm afetado seus negócios criminosos, mas não se aflija Selleon, temos meios para combatê-los. Uma organização como esta certamente conta com o apoio político e se beneficia dos ambientes urbanos humanos. No entanto, este é um tema ainda delicado, pois Aleena, co-governadora da cidade têm nos dado muito apoio, e é possível até que estejamos a poucos passos de nos encontrarmos pessoalmente com seu tio, o Barão de Halaran. O melhor será não nos envolvermos na política de Threshold por hora.

Com relação à nossa missão, tenho feito alguns progressos significativos. Descobri que nas florestas próximas à Threshold há um túnel que aparentemente se conecta com Alfheim. Ajudamos uma mulher fugitiva que provavelmente era escrava dos Drows. Infelizmente, nós a encontramos num estado lastimável e creio que sua mente sofreu fortes abalos pelo seu quebranto e sua fuga. Hoje ela vive feliz com as fadas da floresta. Mas nos preocuparemos com isso mais tarde.

Na semana passada, conversei com Madame Cardia, uma mercadora daqui de Threshold que disponibiliza um serviço bastante útil: viagens de tapete voador. Negociei com ela duas viagens para Alfheim em troca de um artefato que encontrei. Sei que ainda não será possível fazer muito coisa, mas o conhecimento da situação e a eventual oportunidade de ajudar outros fugitivos valerão a pena. Por sinal, Madame Cardia disse que seria grande ajuda possuir um mapa para adentrarmos Alfheim. Peço a gentileza de que elabore algo dessa natureza para mim, Selleon, junte-se com seus companheiros e tente fazê-lo de maneira mais detalhada possível – eu o agradeceria muito.

Sobre Melissa, ainda não encontrei muita informação. Eu também fiquei muito preocupado quando ela inventou aquela história de buscar por seu misterioso professor de magia. Ouvi falar que ela também viaja acompanhada de um grupo – espero que sejam amigos fiéis como os meus – e que adotou o sobrenome de seu suposto mestre: Moonstar. Mas não se preocupe meu caro Selleon, não imagino que se trate um amante. É um costume humano que os alunos, depois de aceitos por seus mestres adotem seu nome para mostrar que são seus protegidos. No entanto, como deve ter notado, Moonstar é um nome élfico. Sim... isso também me deixa perplexo.

Essas são as notícias que tenho por hora, meu amigo. Continuarei trabalhando em minha missão e nos encontraremos em breve, assim que retornar de Alfheim. Aguardo tua resposta (não se esqueça do mapa, por favor, um rascunho já será útil), envie-a para o antigo moinho da Ilha Fogor, em Threshold. 

Desejo-te e aos seus companheiros força e perseverança nessa reconstrução de vossas vidas.

Lowerdin Avardan

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