segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A Comédia dos Três

Ato 1 – O Esplendor de Esplendória


Cena 1 – Um Encontro Inesperado


Cenário: Capital do Reino de Esplendória, a maior cidade do Reino é sede de uma importante competição que ocorre no dia em questão, a cidade está bem mais movimentada que o normal, pessoas vinda de todos os lugares do Reino se juntam para anunciar seus produtos utilizando-se da melhor estratégia de marketing criada até hoje: gritar a plenos pulmões e oferecer pechinchas falsas à viajantes desinformados.


Iluminação: Luz do dia.


Contracena: Lyin


Figurantes: Cerca de 50.000


Entro eu correndo pelo palco abrindo caminho na multidão, volto-me para trás e grito.


Raihma: Parem de me jogar panelas e cebolas! Todos sabem que só se torna uma grande cantora de Ópera com muito treino e dedicação. Não vejo qual o problema de realizar meus exercícios de voz das 3 às 6 horas da manhã. (Viro-me para a platéia). Mas não ligo, pois um dia jogar-me-ão flores e moedas de ouro. Uma estréia em Esplendória, a capital do Reino, seria um belo pontapé inicial! Não no traseiro, como estou acostumada – já adaptei minha armadura para minimizar o impacto – mas em direção ao estrelato! Huh!? O que é aquilo?


Reparo em uma criatura muito pequena no meio dos vários pés que caminham despreocupados e por pouco não pisam nela. Bom... Não sou lá muito bem o tipo de pessoa com moral para julgar tamanho, afinal há um motivo pelo qual nós Anões, somos chamados de Anões. Mas deve haver também um outro motivo muito forte pelo qual outras criaturas são chamadas de “metade de alguma coisa”. A primeira vista, pensei que se tratava de uma criança esfarrapada, abandonada na rua, uma menininha de cerca de 10 anos de idade, mas quando me aproximei, vi que parecia ser mesmo uma mulherzinha com não mais de 90 centímetros de altura, sentada no chão, desenhando coisas sem sentido com um graveto na terra.


Raihma: Olá, minha filha, tudo bem com você?


Lyin: Oi! (sorrindo)


Raihma: Qual o seu nome?

Lyin: Lyin.


Raihma: E o que você está fazendo aí, menina?


Lyin: Não sei...


Raihma: Não sabe? E de onde você veio?


Lyin: Não lembro...


Raihma: Coitada! Está com amnésia... Eu também fico assim quando bebo vodka anã. Mas me diz, por acaso você não teria algum dote artístico?

Lyin: Não sei...


Raihma: É que estou escrevendo uma Ópera, sabe? E estou já estou formando um elenco que possa interpretá-la.


Lyin: Ah.


Raihma: Você por acaso não sabe cantar, dançar, tocar algum instrumento, plantar bananeira ou fazer contorcionismo? Você é pequena e ágil, umas aulas de dança não lhe cairiam mal...


Lyin: Não sei... Se sei alguma coisa...


Raihma: Bom, podemos testar isso agora! Os verdadeiros talentos artísticos não são afetados por amnésia. Vamos, levante-se!


Lyin se levanta e espera que eu lhe diga alguma coisa, Eu então faço alguns testes com minha voz, respiro fundo, faço movimentos com a boca e começo a cantar bela melodia escrita pelo Bardo Cavarotti e sua viagem às frias montanhas onde hipopótamos amarelos dançavam valsa com javalis de bengala enquanto discutiam assuntos da metafísica dos botões da camisa.


Lyin se mostra tímida no começo, mas a medida que chego no refrão (momento em que os javalis giram em torno das suas bengalas) a Halfling se mostra uma perfeita acrobata no momento em que após de tropeçar em caixote se agarra na barba de um velho que está observando, gira e salta, trançando a barba do velho e cai nos braços de um forte cavaleiro que também tinha parado para olhar.


As pessoas que se reunem à volta aplaudem e se divertem com a perfomance até o momento em que uma sombra gigante cobre toda praça. Todos olham para cima estupefados, fico em silêncio e observo com a mesma admiração até que sombra se vai e multidão se desperse, deixando alguma moedas em meu capacete.


Raihma: Sabe o é aquilo, garota?


Lyin: Um barco que voa?


Raihma: É a nossa porta de entrada para o sucesso! E nos levará ao palco do grandes artístas!


Lyin: Ainda me parece um barco que voa. E ele está indo para o Coliseu - não sabia que gladiadores e feras selvagens eram grandes artístas.


Raihma: Venha, pequenina! Chegou nossa hora de brilhar!


Agarro o braço de Lyin e a puxo para fora da Cena. Baixam as Cortinas


Fim da Cena 1. - Começa a Orquestra


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