domingo, 2 de dezembro de 2012

Ae galera o blog de Karameikos onde manteremos nossa nova campanha!

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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Carta a Selleon Ivorein

Threshold, 11 de Flaurmont de 1012 (calendário thyatiano)

Caro amigo Selleon Ivorein (Elfo de Alfheim),

Perdoa-me pela demora em mandar-te notícias, Selleon. Acontece que somente agora me estabeleci com firmeza e recursos suficientes para planejar os próximos passos de minha missão.

Como é de teu conhecimento, passaram-se dois meses desde que parti (Vatermont) de Rifllian após ouvir sobre a tragédia que assolou a ti e teus companheiros. Encontrei em minha breve jornada amigos pelos quais daria minha a vida e que também dariam a deles por mim. Creio que vale a pena citar seus nomes, pois seguramente tornar-se-ão personalidades notáveis de Karameikos e talvez até mesmo de Mystara.

Falo primeiro do jovem mais corajoso que já conheci. Afirmo que mesmo que alguém seja um dia tão bravo quanto Alex TinderOwl de Verge, nunca será como ele. Logo que parti, pousei em Verge por dois ou três dias e nesse tempo assisti a um interessantíssimo costume do povo traladarano – o chamado Rito da Fenda, uma cerimônia simples, porém carregada de significado. O rapaz deve retornar à sua família, quando construir seu nome. Falei-lhe de meus objetivos e ele aceitou acompanhar-me de muito boa vontade, pois reconhecia a nobreza dessa empreitada e a necessidade por se fazer justiça. Alex e eu passamos a maior parte do tempo juntos, ora aprendendo um com o outro, ora defendendo a vida um do outro.

A região possui mais comunidades silvestres do que imaginava, onde vivem humanos e diversas espécies feéricas. Num deles, pude encontrar Darius, o paciente. Sempre me comovo quando vejo um humano que escolhe dedicar toda a sua vida ao meio-ambiente. Nós elfos vivemos em comunhão com a floresta, mas retiramos nossa verdadeira força da magia. Aprendi com Darius que a natureza tem poder tanto para a destruição como para a proteção e penso que os elfos poderiam voltar-se mais a isso. Conhecemos há uma semana outro druida, que vive no pequeno povoado de Eltan’s Spring. Seu nome é Bertrak e, no memento, ele e Darius trabalham juntos para restaurar a vegetação próxima ao povoado que foi destruída por uma ignóbil bruxa.

Há também Silvana Rubi, uma admirável traladarana por quem admito sentir algo mais do que mera amizade. Ela é formosa, astuta, sedutora e conhecedora da magia. Minhas mãos até tremem um pouco enquanto escrevo sobre ela. Ainda desconheço seus objetivos e aspirações, mas ela tem demonstrado crescente interesse em mim e meus amigos, talvez ela também esteja se comovendo pela causa élfica.

Não poderia também deixar de falar de Sorian Valonir, um irmão Elfo. Conheci-o há três dias, e o valoroso patrulheiro salvou minha vida, mesmo tendo a consciência de que ao fazê-lo, estaria se desviando de sua missão. Tenho-lhe muita gratidão. Sua origem me é desconhecida, mas suas feições são Callari. Sua família não dever ser de Rifllian nem de Radlebb, caso contrário eu o conheceria. Acredito que este novo amigo se mostrará um fiel companheiro de aventuras.

Conheci também Liandra Beleren, uma estudante da Escola Karameikana de Artes Arcanas. Sei que se trata de uma boa pessoa, mas a situação em que nos encontramos e a maneira como se porta levanta suspeita de minha parte. Tenho várias perguntas das quais ela sempre encontrar um meio de se esquivar – possivelmente o que a ensinam na academia. Qual o interesse da EKAA nessas redondezas? Como os magos humanos frequentemente enxergam a magia como forma de poder, usando-a para propósitos vis, ficarei de olhos bem abertos sobre Liandra.

No entanto, não conheci apenas amigos nestes dois meses. Karameikos está, infelizmente, infestada de perigos e criaturas malignas. Goblins espreitam atrás das árvores os viajantes incautos, trabalhando para seres mais poderosos, como a bruxa que mencionei. Conheci um gnomo que usava magia para criar um troll ilusório e cobrava pedágio dos transeuntes de uma ponte. Há também um halfling com quem viajei por alguns dias – um grande aproveitador que se porta de maneira desleixada e inconsequente, a vadiagem é seu modo de vida.

E há também um terror maior que todos esses – o Anel de Ferro – uma guilda de escravocratas que sequestram e vendem pessoas para o exterior. Nossas atividades em Threshold têm afetado seus negócios criminosos, mas não se aflija Selleon, temos meios para combatê-los. Uma organização como esta certamente conta com o apoio político e se beneficia dos ambientes urbanos humanos. No entanto, este é um tema ainda delicado, pois Aleena, co-governadora da cidade têm nos dado muito apoio, e é possível até que estejamos a poucos passos de nos encontrarmos pessoalmente com seu tio, o Barão de Halaran. O melhor será não nos envolvermos na política de Threshold por hora.

Com relação à nossa missão, tenho feito alguns progressos significativos. Descobri que nas florestas próximas à Threshold há um túnel que aparentemente se conecta com Alfheim. Ajudamos uma mulher fugitiva que provavelmente era escrava dos Drows. Infelizmente, nós a encontramos num estado lastimável e creio que sua mente sofreu fortes abalos pelo seu quebranto e sua fuga. Hoje ela vive feliz com as fadas da floresta. Mas nos preocuparemos com isso mais tarde.

Na semana passada, conversei com Madame Cardia, uma mercadora daqui de Threshold que disponibiliza um serviço bastante útil: viagens de tapete voador. Negociei com ela duas viagens para Alfheim em troca de um artefato que encontrei. Sei que ainda não será possível fazer muito coisa, mas o conhecimento da situação e a eventual oportunidade de ajudar outros fugitivos valerão a pena. Por sinal, Madame Cardia disse que seria grande ajuda possuir um mapa para adentrarmos Alfheim. Peço a gentileza de que elabore algo dessa natureza para mim, Selleon, junte-se com seus companheiros e tente fazê-lo de maneira mais detalhada possível – eu o agradeceria muito.

Sobre Melissa, ainda não encontrei muita informação. Eu também fiquei muito preocupado quando ela inventou aquela história de buscar por seu misterioso professor de magia. Ouvi falar que ela também viaja acompanhada de um grupo – espero que sejam amigos fiéis como os meus – e que adotou o sobrenome de seu suposto mestre: Moonstar. Mas não se preocupe meu caro Selleon, não imagino que se trate um amante. É um costume humano que os alunos, depois de aceitos por seus mestres adotem seu nome para mostrar que são seus protegidos. No entanto, como deve ter notado, Moonstar é um nome élfico. Sim... isso também me deixa perplexo.

Essas são as notícias que tenho por hora, meu amigo. Continuarei trabalhando em minha missão e nos encontraremos em breve, assim que retornar de Alfheim. Aguardo tua resposta (não se esqueça do mapa, por favor, um rascunho já será útil), envie-a para o antigo moinho da Ilha Fogor, em Threshold. 

Desejo-te e aos seus companheiros força e perseverança nessa reconstrução de vossas vidas.

Lowerdin Avardan

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quarta-feira, 27 de junho de 2012

O Reino de Asrinon


          A Península da Prata é uma formação antiga do planeta de Vaniya. Situa-se a extremo oriente do grande continente central, ligado a ele, na região de Silverwood, por estreito braço de terra com apenas 40 quilômetros de largura. Estudiosos afirmam que em apenas algumas centenas de anos o Golfo de Rinon engolirá de vez a conexão da península com o continente, transformando-a numa enorme ilha. Seu clima é bastante equilibrado, enfrentando todas as estações do ano em períodos de tempo parecidos. Possui terras férteis ainda pouco exploradas. Conta com uma antiga floresta de carvalhos que cobre a porção norte da península até o pé de uma estranha formação rochosa chamada Dente de Pedra. Ao sul, a Cordilheira Argêntea se mostra rica em minérios de carvão, ferro, níquel e em especial prata, muita prata. Dois grandes lagos – o Gerden, no centro da península e o Kerr, mais ao sul, à oeste da cordilheira - são os principais nodos de uma emaranhada rede hidrográfica que favorece muito o desenvolvimento da vida na região.
          A região nunca foi densamente povoada, talvez porque a navegação das civilizações de Vaniya não seja muito desenvolvida, ou talvez mesmo por um simples relapso da maioria das raças em não reconhecer o grande potencial da península. Alguns lugarejos humanos muito isolados floresciam aqui e ali na região mas nunca chegaram a se transformarem nas grandes cidades que os homens costumam construir. Anões já ocupam a Cordilheira Argêntea há pelo menos mil anos, mas sua natureza montanhosa e subterrânea os mantém fixados na cordilheira, onde construíram o maravilhoso complexo da Citadela das Runas, ocupando os cinco picos mais altos das montanhas e interligando-os por túneis e cidades subterrâneas. Halflings ocupam as colinas ao norte da cordilheira desde tempos desconhecidos sem nunca terem sido incomodados por outras raças. Segundo alguns registos, há cerca de trezentos anos atrás uma outra linhagem de anões chegou à península. Eram conhecidos como o Clã de Duggerdin e fugiam de inimigos orcs que atacaram seu antigo lar. Chegaram pelo norte e se instalaram no Dente de Pedra. Entretanto, os orcs vieram em seu encalço e não deixaram um único sobrevivente. Felizmente os inimigos dos anões não tinham interesse na Península da Prata, que aparentemente não hospedava nenhuma civilização que pudessem saquear.
          Duzentos anos depois, um fenômeno interessante aconteceu. Um grande fluxo de homens e mulheres humanos migrou para a Península de Prata. Aparentemente fugiam do punho de ferro dos tiranos que governavam o Reino de Interinon, cuja única cidade é Derinon. Num dado momento, centenas de embarcações mal construídas cruzavam o Golfo de Rinon e aportavam ou se despedaçavam na costa oeste da Península. Os homens rapidamente se espalharam e fundaram pequenos vilarejos pela região. O primeiro assentamento importante que os humanos construíram foi o Forte Stanton, na costa oeste por onde chegaram – era uma forma de manter a vigilância sobre Derinon, cujos senhores juraram vingança aos emigrantes. Posteriormente, o posto de Kerrfield foi construído às margens do lago Kerr, ao norte de Stanton. Os maiores fluxos de imigrantes seguiram mais para o norte, onde finalmente construíram em apenas poucos meses a grande cidade de Varinon, que veio a se tornar capital do novo reino que tinha o nome de Asrinon – significava, na linguagem local “liberdade construída com as próprias mãos”.
          Varinon ficava à vista, do outro lado do golfo, do posto avançado de Caprinon – um forte onde a maior parte do exército dos tiranos ficava, pois fazia fronteira, se bem que bastante distante com terras dos elfos, com os quais os senhores de Inderinon nunca haviam feito o menor contato amistoso. Mas o povo de Varinon não os temia, a cidade fora construída e fortificada, com o passar do tempo, diversas ordens religiosas, arcanas e de cavalaria se instalavam ou floresciam na cidade.
          Uma vez que Varinon tornar-se segura, constituindo uma verdadeira muralha protetora da Península, o Reino de Asrinon passara a se expandir para leste. Inevitavelmente ocorreu o contato com as raças que já estavam por lá. Os halflings mais velhos não gostaram dos invasores e se enfiaram em suas casas na colina resmungando que seu sossego havia acabado. Os mais jovens sentiram-se muito cativados por essas pessoas em busca da construção de um lar, descobriram que sua vida poderia ser mais interessante e excitante convivendo com os humanos e, com medo de ficarem ranzinzas como os mais velhos, entrosaram-se facilmente com os recém-chegados. Com os anões, que observaram toda a saga dos refugiados em direção à península e viram suas cidades serem erguidas, os humanos perceberam que seria necessário uma diplomacia um pouco mais erudita. A primeira missão diplomática oficial do Reino de Asrinon foi liderada pela delegação de cinco cavaleiros da 1ª Ordem dos Templários de São Cuthbert – originada nos poucos anos de existência de Varinon, sendo a ordem mais tradicional do Reino. Os anões concordaram em estabelecer relações amistosas com os humanos contanto que os últimos se comprometessem a não subir ou adentrar a Cordilheira Argêntea – os humanos teriam total liberdade para usar como quisessem as terras baixas. Vendo a necessidade de se portarem oficialmente, os anões batizam toda a Cordilheira Argêntea como “União da Citadela Rúnica” - mas continuam usando o nome da cordilheira internamente.
        Eventualmente, outras raças entravam em contato com os humanos da península. Era possível encontrar aqui ou acolá um gnomo de passagem, sem que fosse possível saber de onde ele veio ou para onde ia. Nas florestas do norte de Oakbam, encontrava-se ocasionalmente homens e mulheres altos e truculentos, com dentes protuberantes – descendentes talvez dos Orcs que aniquilaram o Clan Duggerdin – entretanto eles não parecia possuir uma cidade ou assentamento – talvez vivessem em tribos. Elfos eram raramente vistos longe das florestas de Oakbam, lugar que por sinal não são suas florestas de origem. Uma pequena vila de lenhadores e caçadores, que existia dentro da floresta desde antes da migração já estabelecia contato com os elfos de Silverwood e permitiam que eles patrulhassem as florestas de Oakbam. Não são conhecidos descendentes de elfos com humanos dentro da Península da Prata. O vilarejo, que veio a se chamar Oakbam foi incluído em Asrinon, após um acordo com o druida local.
           Tendo acertado os assuntos diplomáticos, o humanos deram continuidade à sua expansão. Fundaram a cidade livre de Colemouth no extremo sul da península como uma forma de selar a aliança com os anões da cordilheira. Enquanto diversos lugarejos e vilas se espalhavam pela península, Emerill, a última cidade fundada, que situa-se a oeste da península se desenvolveu estonteantemente rápido. Os homens de Emerill aprimoraram a navegação e partiram para leste, na direção do desconhecido. Apenas para descobrirem que estariam em uma região conhecida nos mapas. Vaniya era de fato redonda e a cidade dos homens dos navios estabeleceu o comércio com nações do outro lado mundo, mas que na verdade estavam a poucas semanas de viagem da península. Em apenas 40 anos, Emerill já é a segunda maior cidade de Asrinon, é uma cidade vibrante e misteriosa. Um lugar de aventuras.
         A religião é um elemento extremamente presente em todos os setores da sociedade asrinoana. É praticamente impossível encontrar algum pessoal dentro do reino, seja de qual raça, profissão ou nível social ela for, que não professe sua fé perante alguma divindade. Para o povo de Asrinon, os deuses exercem grande influência direta sobre a vida dos mortais, então é necessário pedir proteção. Os refugiados de Inderinon afirmam que os tiranos que governam a região eram possuídos por uma influência maligna chamada Ius. Um semideus nascido no mundo mortal e que vaga por ele, causando o mal por suas próprias mãos ou pelas de seus súditos. O grande inimigo de Ius é São Cuthbert – nascido mortal, e elevado à condição de divindade por defender incansavelmente a devoção, a ordem e a bondade. Por este motivo, o santo se tornou o padroeiro de reino. O embate entre Ius e São Cuthbert é replicado entre Inderinon e Asrinon.
         A Ordem dos Templários de São Cuthbert de Asrinon é a instituição mais influente em todo a península. Sua sede fica na capital Varinon, mas está presente também em Colemouth e Emerill, além de ter uma representação permanente na União da Citadela Rúnica. Os templários, além de brilhantes guerreiros prontos para defender o reino a qualquer momento, levam a todo local por onde vão os preceitos de ordem, obediência e proteção. A maior parte dos humanos são devotos de São Cuthbert, mas outras raças, talvez por terem suas próprias deidades raramente se convertem ao bertismo. Em Emerill, a Ordem dos Templários enfrenta grandes problemas em impor a ordem e com a falta de fiéis – uma consequência da grande presença de halflings (que são tão ligados à religião quanto os humanos mas a professam de outras maneiras) e estrangeiros, vindos dos reinos além-mar.
          São Cuthbert, apesar de ser o mais adorado em Asrinon, ainda não é tão poderoso quando as divindades tradicionais – fiéis afirmam que São Cuthbert, diferente dos outros deuses, mas assim como seus arquirrival, caminha pelo mundo dos mortais. Desse modo, nos cem anos de vida do jovem reino, diversas religiões se espalharam e ganharam notoriedade. A Grã-Ordem de Heironeous (deus da justiça, honra e bondade) possui um grande templo em Varinon e em diversas localidades do Reino. Heironeous e São Cuthbert andam de mãos dadas contra o mal e o caos, entretanto, paladinos de Heironeous têm se preocupado com o fanatismo da população de Asrinon pode acabar incentivando o confronto entre as duas nações. O Iluminado Templo Pelor (deus do Sol) o mais adorado em todo o mundo ainda não tem presença marcante em Asrinon, mas é possível encontrar seguidores seus ou oferendas a ele. Outras divindades como Obad-Hai (natureza), Ehlonna (florestas, fertilidade), Fharlanghn (viajantes) e Procan (mares) são adorados localmente.
          Os anões talvez sejam mais fanáticos em sua fé por Moradin (deus da terra, criador dos anões) do que os humanos por São Cuthbert, além disso, não sentem vergonha alguma em adorar Vergadain (deus da riqueza e sorte) pois acreditam que a riqueza é uma recompensa justa pelo trabalho. Em resposta ao atos diplomáticos dos humanos os anões usam representantes de Berronar (deusa anã da segurança e verdade) em representações diplomáticas como uma forma de gratidão pelos humanos terem respeitado seu lar e optado pela paz. Os halflings possuem sua própria forma de professar a fé, por isso seus deuses representam festas, bebedeiras, comilanças e diversão, os principais são Yondalla (fertilidade, criadora dos halflings) e Olidammara (ladrões, farra, artistas) e possuem muitos seguidores entre os humanos principalmente.
          Asrinon é um reino jovem e com muito a crescer. Um reino onde há lugares a serem explorados. Um reino onde a fé é forte e os deuses estão presentes. E está de portas abertas para ser conhecido.

Créditos do mapa e dos nomes para Ramah (http://www.cartographersguild.com/showthread.php?5556-Vaniya-by-Ramah) - desculpe pessoal, mas não sou muito bom para criar mapas então pego o que os outros fazem mas a história fui eu quem inventou!!! (por favor não entrem no link para não verem o mapa pq vou usar na campanha, né hheheheh)

Depois queria conversar em particular com todo mundo pra poder montar o background dos personagens certinho. Um abraço a todos.

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segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Encontro



A Taberna do Forte Vraath era diferente de qualquer outra taberna conhecida. Efeitos mágicos constituem a principal decoração da local. O teto, que representava exatamente o céu do lado de fora, mostrava um mar de estrelas e uma das grandes luas de Ymirian. As paredes exibiam quadros que se movimentavam, tanto em pinturas de diversos estilos quanto em imagens que se aproximavam muito da realidade. Retratavam momento heroicos das aventuras da maga Jill Castle. Num quadro, Jill sobre o corpo de uma hidra morta com as cabeças cortadas levanta uma espada dourada. Em outro ela recebe condecorações na corte de Brindol pelos serviços prestados ao Vale.
Como é dia de inauguração o local está lotado. Tanto viajantes como moradores das localidades próximas encontram-se presentes na taberna. Porém, na torre do forte está ocorrendo um encontro à sós de duas pessoas que há muito não se viam. Sir Dante Alighieri, cavaleiro da 4ª Ordem de Brindol e Alto Paladino do Templo da Deusa Gawa de Sankrarah, observa a Estrada da Alvorada por onde chegou através da grande janela da torre. Jill, sentada à uma pequena mesa de metal, ajeita o fumo em um longo cachimbo com desenhos arcanos. Ao soltar a primeira baforada Dante se volta para ela, solta um suspiro longo, sentindo o cheiro adocicado da fumaça.
 Rall é realmente sábio. Ele sabia desde o princípio que nos desviaríamos de nossa missão – disse o paladino por fim.
Rall, é um mago advinhador, amigo do Jill e Dante há muito tempo. Ele ajudou o grupo, que na época era constituído por Jill, Dante e Kraven – um anão – na luta contra Teferi, o inventor louco. Com a derrota do grupo, o Rall trouxe de volta à vida a maga, o paladino e o anão e incumbiu-os de uma importante missão. Aparentemente Rall era o único que confiava neste grupo, e prossegui com a ideia, mesmo a contragosto de seus colegas, que argumentavam que a própria arrogância e desvio de conduta foram os responsáveis pela derrota deles.
 Sim. Foi por isso que colocou aquele guarda-costas para nos vigiar – respondeu Jill encostando-se na cadeira e soltando outra longa baforada.
 Ákila era seu nome. Um bom guerreiro, pena que teve um destino trágico – após um pausa continua – Sabe, sempre imaginei que quando nos foi dada a segunda chance eu pudesse ser capaz de exercer maior liderança, mas este é um quesito em que sempre falhei – disse o cavaleiro dando alguns passos pelo aposento.
 Não diga isso, Dante. Você tem feito um trabalho maravilhoso em Brindol e no Vale do Elsir. O que, devo assumir, tem sido muito bom para os negócios.
Neste momento, Timothy entra trazendo uma bandeja com chá. Dante o olha com satisfação e pergunta:
 Qual seu nome, meu jovem?
 Timothy, senhor. - Responde o garoto colocando a bandeja sobre a mesa de metal.
Jill serve uma xícara e, sem que o paladino perceba, realiza alguns movimentos com a mão direita sobre a xícara, deixando cair uma pequena areia branca no chá.
 E sua mestra tem-lhe ensinado a rezar, Timothy?
 Minha mestra disse que se temos conhecimento não precisamos dos deuses.
Dante lança um olhar de reprovação à maga. Recebe um sorriso sarcástico como resposta. O garoto faz uma reverência e se retira. O paladino se volta novamente à janela e diz:
 É uma atitude muito nobre a sua em adotar e educar o garoto.
 Seus pais morreram durante a guerra da Mão Vermelha – responde a maga com um suspiro.
 A guerra da Mão Vermelha deixou muitos órfãos... - Jill balança a cabeça em sinal de concordância, pensando nas órfãs que emprega em sua taberna para entretenimento dos clientes.
O paladino senta-se à mesa e diz, sem tocar na sua xícara:
 Por um lado, até que o garoto está certo.
Jill coloca os cotovelos sobre a mesa e desloca seu busto para frente, ficando com o rosto bem próximo ao do cavaleiro. Seu perfume é atordoante.
 Quer dizer que a fé do velho paladino não é mais a mesma do jovem entusiasta?
Dante se encosta na cadeira, distanciando seu rosto do da maga.
 Minha fé em Gawa e em sua justiça divina se mantem inabalada. Porém receio que estamos vivendo tempos difíceis. Tenho visto ordens e templos antigos se desfazerem como castelos de areia. Não sei se os deuses estão se distanciando ou enfraquecendo, mas temo que o mundo corra um grande risco. Terror se espalha por Ymirian e talvez, ele só não tenha chegado ao Vale do Elsir porque ainda estamos nos recuperando de outro.
 É verdade – diz a maga voltando se recostar na cadeira – amigos magos com quem me correspondo dizem que as atividades têm se intensificado recentemente. Agora não apenas kobolds armados com aquelas armas de fogo infernais que enfrentamos nos início de nossa segunda jornada aterrorizam as cidades. Os servos dos dragões usam agora gigantescos monstros de metal que disparam raios mortais, como os que enfrentávamos no tempo de Teferi.
 E tem mais – o tom do paladino estava extremamente sério – há uma semana atrás, uma criatura conhecida como Juggernaut atravessou o Vale do Elsir seguindo em direção ao norte. Ele foi descrito tendo a aparência de um anão, com longas barbas, em uma mão carregava um machado, na outra uma espada, sua crueldade é enorme – faz questão de cortar a cabeça de todos que entram em seu caminho. Os vilarejos de Nimon Gap e Terrelton fora arrasados. Outro detalhe é que parecia estar carregando um objeto maior ele próprio em suas costas – de formato retangular e espessura fina, coberto por um manto.
A maga se ajeita na cadeira e quase se engasga com a fumaça do cachimbo.
 Kraven? E o Espelho do Aprisionamento? Como? E porquê?
 É isso o que pretendo descobrir. Eu e minha pequena comitiva de Brindol estamos seguindo para o norte para descobrir o que ele pretende e evitar que cause mais destruição – Dante pega nas mãos de Jill, um ato bastante incomum de sua parte – Não irei insistir para que venha comigo, Jill, mas é preciso acabar logo com isso. Ymirian não pode mais sofrer com os terrores dos Lordes Dragões. E é preciso que saldemos nossa dívida pela segunda chance que nos foi dada.
A maga subitamente se silencia, envolvida em profundos pensamentos. As provações seriam mais difíceis do que esperava, de certa forma se sentia dividida, mas não sabia exatamente entre o que. No fundo de sua mente, uma voz, comum em seus sonhos nos últimos dias, repetia “Venha a mim, minha querida!”.
 Irei me juntar a meus homens, o taberneiro nos disse não tem mais quartos e deveremos dormir nos estábulos, talvez não nos vejamos em breve, então... Adeus – Dante se levanta e, descuidado, bate a perna na pequena mesa de metal, fazendo com que sua xícara de chá intocada caia e se espatife no chão – Oh me desculpe, eu não..., pode deixar que eu limpo.
A maga, acordando de seu estado de meditação dá um suspiro de reprovação “Isso é tão típico” pensou “há coisas que nunca mudam”. Com o rosto abaixado, disse simplesmente:
 Dante, saia, por favor.
Na manhã seguinte, quando Dante, acompanhado dos cavaleiros Lance, Gal, Urgor e Polan, do clérigo Gizan e da atiradora de elite Niaga se dirigiam aos estábulos após o desjejum, vêm em frente ao mesmo Jill e Timothy.
 Faça como eu lhe ensinei Tim. Pronuncie lentamente os escritos do pergaminho.
O garoto, com a fluência de um mago experiente pronuncia longas palavras incompreensíveis enquanto o pergaminho se evapora em uma fumaça negra fluída. A fumaça se expande e toma a forma de uma criatura desfigurada e feita apenas de sombras. Jill levanta o garoto e o coloca sobre a criatura mágica, logo em seguida, sobe nela com a mesma facilidade que montaria num cavalo. A maga olha para a comitiva de cavaleiros e faz um sinal de impaciência.
 Fico feliz que tenha escolhido seguir conosco Jill – disse Dante com um grande sorriso no rosto – apesar de achar que será muito perigoso para o garoto.
 O garoto ficará bem, é meu aprendiz e sabe muito bem se virar. Agora vamos. Há uma dívida a ser paga.

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terça-feira, 29 de maio de 2012

A Proposta


Olá pessoal, no intuito de reativar um pouco as atividades do blog estou postando um conto que escrevi de última hora, bateu a inspiração e escrevi! Haha - tá certo que ele é um pouco spoiler, conta uma parte da história de uma personagem que não era para que os outros jogadores - ou pelo menos os personagens deles soubessem hehehe. Mas ficou legal porque também ficou uma espécie de recapitulação.

Por fim peço licença poética ao Felipe, por estar usando sua personagem, Jill Castle. Mas espero que goste hehehehe. Um grande abraço a todos e Viva o RPG!


A Proposta

O tempo estava pesadamente nublado no Vale do Elsir. Há muito que uma tempestade como a que se aproximava não caía sobre o campos e florestas do vale. Da última vez que o tempo esteve assim, foi o prenúncio da Guerra da Mão Vermelha, quando uma horda de goblinóides e outras criaturas da cadeia de montanhas do Fogo do Dragão marcharam pela Estrada da Alvorada destruindo cada cidade em seu caminho de Drellin Ferry à Brindol, onde foi finalmente contida.
Cada soldado da horda da Mão Vermelha era um fanático adepto ao culto do Kulkor Zhul, dedicado à Tiamati e liderado pelo temível Azarr Kul. Além dos números exorbitantes e da crueldade de cada um dos soldados goblinóides, a Mão Vermelha contava com bestas das montanhas como gigantes, quimeras, mantícoras e até mesmo um grupo de dragões cromáticos renegados.
Na torre do antigo forte Vraath, Jill Castle, a maga pertencente ao grupo de aventureiros que conteve a invasão da Mão Vermelha sobre o vale, escreve sobre seus últimos estudos sobre encantamentos. Mirrorscales, um pequeno dragão prateado observa, balançando a cauda, sua mestra trabalhando da prateleira em cima da escrivaninha.
Já havia passado dois anos desde a Guerra da Mão Vermelha. Quando o grupo de Jill retornou do Santuário de Tiamati, onde enfrentaram Azarr Kul, nenhum deles se lembrava exatamente o que aconteceu. A experiência certamente abalou a todos – tanto que nunca mais se viram após as comemorações de Brindol. Jill recebeu como recompensa as ruínas do Forte que reconstruiu com seus próprios recursos. Quando seguia de Brindol a sua recém-adquirida propriedade, a maga encontrou entre seus pertences mágicos o um objeto do tamanho de um ovo de avestruz.
Poucas semanas depois, o ovo se chocou, e Jill, reconhecendo a criatura – um dragão prateado – como um ser de grande poder, criou-o e ajudou-o a desenvolver sua habilidades mágicas. Hoje, com pouco mesmo de dois anos, a criatura já sabe falar tantos idiomas quanto sua mestra, lança pequenos truques de mágica e é capaz de se transformar em um garoto com idade entre seis e dez anos quando está na presença de outras pessoas. Realmente fenomenal.
A tempestade lá fora vai ficando mais forte. Num momento, a escuridão do lado de fora se torna intensa e um relâmpago corta o céu. Uma silhueta sombria com enormes asas se posta na janela da torre de Jill. Mirrorscales, amedrontado salta para trás da escrivaninha. A maga se levanta rapidamente olhando para a figura sombria somente para ver faíscas indicando que a magia de proteção, capaz de manter até mesmo os vidros resistentes como placas de ferro, fora quebrada. A janela se abre bruscamente com uma forte lufada de vento que faz os pergaminhos voarem e derrubando frascos de experimentos mágicos.
– Jill Castle... É um prazer conhecê-la pessoalmente – diz a figura com uma voz reptiliana. As luzes das velas mágicas, que não se apagam com o vento, mostram que a figura tem uma forma humanoide. Suas mãos e pés descalços apresentam textura escamosa avermelhada e garras compridas. As roupas não passam de trapos e do rosto com o queixo pontiagudo carrega dois olhos totalmente negros.
– Para você é marquesa!  –  grita Jill.
Com um gesto rápido e uma palavra ininteligível, a maga pega um objeto estranho que magicamente se desintegra e aponta o dedo indicador na direção da criatura. O rosto reto e escamoso se contorce de horror como se uma mão forte estivesse espremendo sua mente. A criatura luta contra a dor mental debatendo a cabeça, que não possuía um único fio de cabelo e com duas pequena protuberâncias que parecem pequenos chifres crescendo. Depois de alguns segundos, ela abaixa a cabeça e faz um ruído como se fosse um suspiro rápido.
 Tanto poder! Sim ele estava certo. Mas não irá conseguir dominar minha mente com um truque tão simples.
A criatura dá um passo a frente, entrando no aposento. Jill dá um passo para trás, olha para o lado e vê o pobre Mirrorscales gemendo como se estivesse sentido dor. A maga sabe que o bebê dragão reage deste modo à presenças malignas – dragões prateados são seres de imensa bondade. Ela se volta para seu visitante inesperado.
 Quem... o que é você?!
 Sou um servo de Wanderlock, o Lorde Supremo dos Dragões. Ele gostaria de vir aqui pessoalmente, mas como a senhorita deve imaginar, ele está... incapacitado... por isso me mandou.
Jill olhou mais uma vez para o Mirrorscales. Vasculhou mentalmente por algum feitiço que fosse efetivo. A criatura parecia poderosa, e qualquer ação impensada deixaria o pequeno dragão prateado indefeso.
– Não tenho assuntos a tratar com seu senhor! Saia! - foi o que disse.
– Claro que não. Mas suas realizações e a de seus amigos, há anos atrás afetou de certa forma meu mestre – abaixou suas enormes asas como em sinal de pacificidade.
– Imagino que Wanderlock tenha ficado irritado com o fato de termos matado o avatar de Tiamati, deusa dos dragões cromáticos – disse a maga em tom de superioridade.
– Não – respondeu longamente a criatura e após um breve sorriso continuou – meu lorde tem apenas à agradecer o fato de terem enfraquecido uma deusa decadente que precisa de goblins e robgoblins para exercer seu poder. Agora o poderoso Wanderlock pode ascender ao lugar de Tiamati e se tornar um deus!
– E o que ele quer de mim?
– Sua mão! Seu poder e sua beleza magnífica encantaram meu mestre. Sou seu mensageiro e trago à senhorita sua proposta de casamento.
O servo abriu suas mãos escamosas com dedos longos e mostrou uma pequena caixa preta. Com a outra mão, abriu a caixa que continha uma aliança dourada. “É mágico” pensou Jill após detectar as essências mágicas que fluíam do anel. O mensageiro colocou a caixa com a aliança num mesa ao lado e disse por fim:
– Pense por quanto tempo quiser, minha cara. Nós dragões temos todo o tempo e paciência do mundo. Serás deusa ao lado de meu senhor e rainha dos dragões. Quando estiver pronta, siga para o norte.
A criatura deu um passo atrás e despencou pela janela. Logo em seguida sua sombra contrastou novamente com um relâmpago em meio a tempestade.
Nos dias que se seguiram, Jill estudou o anel. Suas propriedades mágicas eram magníficas, possuía grande poder, mas sabia que quando o usava, era como se o Rei Dragão entrasse em sua mente. Por que lhe dera um anel assim? Talvez ele soubesse que encontraria dificuldades em sua jornada para dentro do Círculo Draconiano, onde os dragões foram há eras aprisionados pelos Deuses. Talvez o próprio Wanderlock colocasse em seu caminho desafios, como uma forma de provação de sua pretendente.
A maga se lembra de uma tarefa, uma promessa, uma dívida consumada há muito tempo atrás. Talvez tenha se esquecido dela, talvez a tenha abandonado. Sete noites após os acontecimentos relatados, a maga, observava de sua torre uma comitiva de cavaleiros marchando pela Estrada da Alvorada em direção ao seu forte. Ostentavam o brasão de Brindol. Dante...
– Quem são eles, mestra? - perguntou Mirrorscales ao seu lado, em sua forma de garoto, quando estava assim era chamado de Timoty.
– Eles são minha primeira provação. - respondeu Jill após um longo suspiro.

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