segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Encontro



A Taberna do Forte Vraath era diferente de qualquer outra taberna conhecida. Efeitos mágicos constituem a principal decoração da local. O teto, que representava exatamente o céu do lado de fora, mostrava um mar de estrelas e uma das grandes luas de Ymirian. As paredes exibiam quadros que se movimentavam, tanto em pinturas de diversos estilos quanto em imagens que se aproximavam muito da realidade. Retratavam momento heroicos das aventuras da maga Jill Castle. Num quadro, Jill sobre o corpo de uma hidra morta com as cabeças cortadas levanta uma espada dourada. Em outro ela recebe condecorações na corte de Brindol pelos serviços prestados ao Vale.
Como é dia de inauguração o local está lotado. Tanto viajantes como moradores das localidades próximas encontram-se presentes na taberna. Porém, na torre do forte está ocorrendo um encontro à sós de duas pessoas que há muito não se viam. Sir Dante Alighieri, cavaleiro da 4ª Ordem de Brindol e Alto Paladino do Templo da Deusa Gawa de Sankrarah, observa a Estrada da Alvorada por onde chegou através da grande janela da torre. Jill, sentada à uma pequena mesa de metal, ajeita o fumo em um longo cachimbo com desenhos arcanos. Ao soltar a primeira baforada Dante se volta para ela, solta um suspiro longo, sentindo o cheiro adocicado da fumaça.
 Rall é realmente sábio. Ele sabia desde o princípio que nos desviaríamos de nossa missão – disse o paladino por fim.
Rall, é um mago advinhador, amigo do Jill e Dante há muito tempo. Ele ajudou o grupo, que na época era constituído por Jill, Dante e Kraven – um anão – na luta contra Teferi, o inventor louco. Com a derrota do grupo, o Rall trouxe de volta à vida a maga, o paladino e o anão e incumbiu-os de uma importante missão. Aparentemente Rall era o único que confiava neste grupo, e prossegui com a ideia, mesmo a contragosto de seus colegas, que argumentavam que a própria arrogância e desvio de conduta foram os responsáveis pela derrota deles.
 Sim. Foi por isso que colocou aquele guarda-costas para nos vigiar – respondeu Jill encostando-se na cadeira e soltando outra longa baforada.
 Ákila era seu nome. Um bom guerreiro, pena que teve um destino trágico – após um pausa continua – Sabe, sempre imaginei que quando nos foi dada a segunda chance eu pudesse ser capaz de exercer maior liderança, mas este é um quesito em que sempre falhei – disse o cavaleiro dando alguns passos pelo aposento.
 Não diga isso, Dante. Você tem feito um trabalho maravilhoso em Brindol e no Vale do Elsir. O que, devo assumir, tem sido muito bom para os negócios.
Neste momento, Timothy entra trazendo uma bandeja com chá. Dante o olha com satisfação e pergunta:
 Qual seu nome, meu jovem?
 Timothy, senhor. - Responde o garoto colocando a bandeja sobre a mesa de metal.
Jill serve uma xícara e, sem que o paladino perceba, realiza alguns movimentos com a mão direita sobre a xícara, deixando cair uma pequena areia branca no chá.
 E sua mestra tem-lhe ensinado a rezar, Timothy?
 Minha mestra disse que se temos conhecimento não precisamos dos deuses.
Dante lança um olhar de reprovação à maga. Recebe um sorriso sarcástico como resposta. O garoto faz uma reverência e se retira. O paladino se volta novamente à janela e diz:
 É uma atitude muito nobre a sua em adotar e educar o garoto.
 Seus pais morreram durante a guerra da Mão Vermelha – responde a maga com um suspiro.
 A guerra da Mão Vermelha deixou muitos órfãos... - Jill balança a cabeça em sinal de concordância, pensando nas órfãs que emprega em sua taberna para entretenimento dos clientes.
O paladino senta-se à mesa e diz, sem tocar na sua xícara:
 Por um lado, até que o garoto está certo.
Jill coloca os cotovelos sobre a mesa e desloca seu busto para frente, ficando com o rosto bem próximo ao do cavaleiro. Seu perfume é atordoante.
 Quer dizer que a fé do velho paladino não é mais a mesma do jovem entusiasta?
Dante se encosta na cadeira, distanciando seu rosto do da maga.
 Minha fé em Gawa e em sua justiça divina se mantem inabalada. Porém receio que estamos vivendo tempos difíceis. Tenho visto ordens e templos antigos se desfazerem como castelos de areia. Não sei se os deuses estão se distanciando ou enfraquecendo, mas temo que o mundo corra um grande risco. Terror se espalha por Ymirian e talvez, ele só não tenha chegado ao Vale do Elsir porque ainda estamos nos recuperando de outro.
 É verdade – diz a maga voltando se recostar na cadeira – amigos magos com quem me correspondo dizem que as atividades têm se intensificado recentemente. Agora não apenas kobolds armados com aquelas armas de fogo infernais que enfrentamos nos início de nossa segunda jornada aterrorizam as cidades. Os servos dos dragões usam agora gigantescos monstros de metal que disparam raios mortais, como os que enfrentávamos no tempo de Teferi.
 E tem mais – o tom do paladino estava extremamente sério – há uma semana atrás, uma criatura conhecida como Juggernaut atravessou o Vale do Elsir seguindo em direção ao norte. Ele foi descrito tendo a aparência de um anão, com longas barbas, em uma mão carregava um machado, na outra uma espada, sua crueldade é enorme – faz questão de cortar a cabeça de todos que entram em seu caminho. Os vilarejos de Nimon Gap e Terrelton fora arrasados. Outro detalhe é que parecia estar carregando um objeto maior ele próprio em suas costas – de formato retangular e espessura fina, coberto por um manto.
A maga se ajeita na cadeira e quase se engasga com a fumaça do cachimbo.
 Kraven? E o Espelho do Aprisionamento? Como? E porquê?
 É isso o que pretendo descobrir. Eu e minha pequena comitiva de Brindol estamos seguindo para o norte para descobrir o que ele pretende e evitar que cause mais destruição – Dante pega nas mãos de Jill, um ato bastante incomum de sua parte – Não irei insistir para que venha comigo, Jill, mas é preciso acabar logo com isso. Ymirian não pode mais sofrer com os terrores dos Lordes Dragões. E é preciso que saldemos nossa dívida pela segunda chance que nos foi dada.
A maga subitamente se silencia, envolvida em profundos pensamentos. As provações seriam mais difíceis do que esperava, de certa forma se sentia dividida, mas não sabia exatamente entre o que. No fundo de sua mente, uma voz, comum em seus sonhos nos últimos dias, repetia “Venha a mim, minha querida!”.
 Irei me juntar a meus homens, o taberneiro nos disse não tem mais quartos e deveremos dormir nos estábulos, talvez não nos vejamos em breve, então... Adeus – Dante se levanta e, descuidado, bate a perna na pequena mesa de metal, fazendo com que sua xícara de chá intocada caia e se espatife no chão – Oh me desculpe, eu não..., pode deixar que eu limpo.
A maga, acordando de seu estado de meditação dá um suspiro de reprovação “Isso é tão típico” pensou “há coisas que nunca mudam”. Com o rosto abaixado, disse simplesmente:
 Dante, saia, por favor.
Na manhã seguinte, quando Dante, acompanhado dos cavaleiros Lance, Gal, Urgor e Polan, do clérigo Gizan e da atiradora de elite Niaga se dirigiam aos estábulos após o desjejum, vêm em frente ao mesmo Jill e Timothy.
 Faça como eu lhe ensinei Tim. Pronuncie lentamente os escritos do pergaminho.
O garoto, com a fluência de um mago experiente pronuncia longas palavras incompreensíveis enquanto o pergaminho se evapora em uma fumaça negra fluída. A fumaça se expande e toma a forma de uma criatura desfigurada e feita apenas de sombras. Jill levanta o garoto e o coloca sobre a criatura mágica, logo em seguida, sobe nela com a mesma facilidade que montaria num cavalo. A maga olha para a comitiva de cavaleiros e faz um sinal de impaciência.
 Fico feliz que tenha escolhido seguir conosco Jill – disse Dante com um grande sorriso no rosto – apesar de achar que será muito perigoso para o garoto.
 O garoto ficará bem, é meu aprendiz e sabe muito bem se virar. Agora vamos. Há uma dívida a ser paga.

3 comentários:

  1. Ae galera, desculpa pelos problemas na formatação, mas é que é terrível formatar as coisas aqui pelo blog e quando se copia do Word pra cá fica pior ainda, se ficar muito ruim de ler me avisem que tento acertar

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    1. Tem que conferir uns erros de português meu amigo... e trocar ou colocar uma nota sobre o nome do aprendiz de Jill, o nome dele é Francisco!

      Mas ta muito interessante o conto... quero ver como será as proximas aventuras...

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    2. Erros corrigidos, depois acerto o nome do Francisco

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