quarta-feira, 1 de abril de 2009

Piratas, Magia e Aranhas

Capítulo 8: Inimigos Mortais

- Long Piete! – balbuciou a Capitã olhando pela luneta.

- A Capitã Jey e o pirata Long Piete são velhos inimigos, inimigos mortais! - cochicou-me a halfling Kath.

- Espero que isso não tenha nada a ver com você, senhor Elthar! – disse-me a shaeran.

- Como haveria de ter? De qualquer forma, não precisamos enfrentá-lo, o Tubarão Atroz é o navio mais rápido desses mares! – respondi-lhe.

- Sim! Mas eu preciso de tempo e preparação, Lowar! – disse ela chamando por seu navegador – me ajude, venha comigo.

Antes que ela e o elfo saíssem, segurei em seu braço, fazendo-a virar para mim:

- Conseguirei o máximo de tempo que puder! – e dizendo isso, toquei nossos chapéus, deixando ela com o emplumado e eu com o triangular.

Ela me olhou novamente com os olhos de quem queria me matar, mas dessa vez, parecia expressar confiança em mim, logo em seguida saiu junto com seu primeiro imediato.

- Kath, vá lá para baixo, não quero que se machuque! – disse virando-me para halfling.

- Não! Ficarei no convés e lutarei se preciso!

Emocionou-me ver aquela halfing tão confiante e corajosa, por isso, resolvi-lhe dar um voto de confiança.

- Certo, então me faça um favor, vá até minhas coisas e pegue um pano preto que encontrar lá, depois, abaixe a bandeira do navio, prenda o pano e levante-o.

Kath fez um sinal positivo com a cabeça e saiu decidida. Eu, por minha vez fui até o leme do navio, apoiei meu pé na amurada em frente a ele, levantei meu sabre e gritei à todos:

- Tripulação do Tubarão Atroz! Conheçam o seu novo Capitão! Van D’Elthar!

A tripulação ficou em silêncio. Não entendiam o que estava acontecendo, até que num momento, o silêncio foi quebrado pela voz forte do único anubit a bordo:

- Somos leais à Capitã Jey! Terá de nos matar para nos liderar!

- Não estão perdendo sua Capitã, só precisam confiar em mim durante os próximos minutos, se o fizerem, conseguiremos passar pelo temível Long Piete sem que ninguém se machuque.

O anubit não me respondeu, ainda estava desconfiado. Kath, a única com quem eu podia confiar estava fazendo como eu pedi, muitos da tripulação tentaram evitar que a bandeira de sua honrada Capitã fosse baixada, mas consegui apazigua-los, tudo isso estava sendo bem mais difícil do que eu tinha pensado...

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(Cena não presenciada por Van)
O Fantasma Selvagem já estava se preparando para seu primeiro ataque, quando um marinheiro subitamente falou:

- Veja Capitão! Uma bandeira pirata está tremulando no mastro do Tubarão Atroz! Será uma armadilha?

Long Piete pegou a luneta e olhou intrigado.

- Vamos nos aproximar sem atacar, há um amigo lá!



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O Tubarão Atroz e o Fantasma Selvagem foram manobrados de modo a ficarem lado a lado, a duas tripulações pareciam se odiar assim como os Capitães, Long Piete assim que me viu chegou próximo à amurada de seu navio e me saudou:

- Que bom revê-lo, meu velho amigo! Vejo que se rendeu ao nosso estilo de vida!

- Há! Tudo que precisei foi enganar aquela shaeran idiota, um único tiro e jogar seu corpo no mar foram as partes mais fáceis.

Percebi alguns integrantes da tripulação grunhindo atrás de mim.

- Ah! Eu sabia que você seria um bom pirata desde a primeira vez que vi você no mar! Por sinal, acho que até lhe devo um favor, me poupou de algo que me atormentava há anos! – ele deu um belo sorriso como se estivesse se sentindo orgulhoso de mim – mas como sabe, também há honra entre os piratas!

- Honra? Essa é nova para mim... – debochei.

- Bem, não está escrito em nenhum lugar, é só uma questão de bons relacionamentos entre os de nossa categoria – respondeu-me Piete como se fosse um professor me ensinando – promessas, dívidas, favores... são coisas que fazemos questão de cobrarmos de quem nos deve.

Cruzei meus braços e lancei um olhar cínico para o Capitão

- Como aquele favor que você foi me fazer em Aurengard, amigo.

- Ah! Sim... o “favor” claro, mas... eu decidi mantê-lo comigo.

- Macacos me mordam, Van! Você não o conseguiu? Não sei onde estava com a cabeça quando mandei você até lá, já não tem mais a habilidade de antes...

- Estou falando sério, Piete, se não acredita em mim não posso fazer nada...

- E se eu acreditar? – interrogou-me olhando fixo para mim.

- Então terá de vir pega-lo – desafiei-o.

- E se eu preferir destruir todo o seu naviozinho ridículo como fiz com o último que estava?

- Então vai ter de ir pega-lo no fundo do oceano...

- Ora, Van! Você não faria isso! – rugiu Piete para mim com certo tom de dúvida.

- Você não o terá enquanto eu estiver vivo! – e apontei-lhe meu florete.

- Então o terei com você morto! – gritou o Capitão.

Piete sacou seu chicote rapidamente, e com ágeis movimentos e lançou a ponta do chicote na minha direção de modo que conseguiu amarrá-lo em torno do meu pescoço. Senti minha respiração ficando difícil, ele puxou a arma me levando de encontro à amurada do “meu” navio, mas consegui me segurar para não cair na água.

- Já cansei de suas gracinhas, Van! Entregue-me o anel se estiver com ele! Agora!

Enquanto tentava me soltar do fio resistente que prendia meu pescoço, virei o rosto para o lado por um momento e vi um encapuzado saindo da cabine da Capitã furtivamente e seguindo para o leme.

- Capitão! Veja! – gritou subitamente um dos piradas de Long Piete.

Todos olharam na direção da figura, o encapuzado retirou seu manto com um rápido movimento mostrando-se a Capitã Jey, ela ainda teve tempo de gritar ao seu velho inimigo:

- Não achou mesmo que eu perderia meu navio tão facilmente, não é? Haha! Mas não tenho tempo para você agora Piete!

- Não! Parem ela! – gritou o Orc ainda segurando com firmeza seu chicote.

Mas antes mesmo que os marinheiros pudessem puxar suas pistolas, Jey abriu seus braços e respirou fundo como se estivesse enchendo seus pulmões com todo o ar à nossa volta, logo em seguida, soltou todo o ar que aspirou num longo sopro na direção das velas do Tubarão Atroz que se encheram tanto que achei que fossem arrebentar. Um tranco forte fez nosso navio disparar numa velocidade incrível.

Long Piete, ainda preocupado com a Capitã Jey não percebeu quando prendi meus pés na amurada do navio e puxei a corda do chicote com toda minha força, fazendo-o cair para fora do Fantasma Selvagem, mas só percebi que havia cometido um erro quando senti o peso do pirata me puxando para baixo. Felizmente, Kath estava atenta à movimentação e para a surpresa de todos cortou a linha do chicote com sua adaga antes que eu fosse puxado para baixo, logo depois senti uma mão agarrando o colarinho de minha camisa, era o anubit, que me puxou de volta e me jogou no convés evitando que eu caísse na água.

- Atirem seus idiotas! – gritou o Long Piete engasgando-se nas ondas.

Mas o Tubarão Atroz se movia tão rápido que não havia tempo de mirar os canhões, alguns piratas disparam com seus revólveres, mas não acertaram nenhum de nós, em poucos momentos o Tubarão Atroz já se encontrava há uma distância inalcançável.

Levantei-me e corri até a popa do navio, saquei rapidamente minha besta, prendi em seu virote um pequeno saco de couro e disparei na direção do Fantasma Atroz.

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(Cena não presenciada por Van)

Capitão Long Piete, ensopado, subiu de volta ao seu navio com a ajuda de seus marinheiros, estava irado:

- Maldita enguia! Maldito mestiço! Não acredito que os deixamos fugir de novo! Os dois!

De repente, um virote, vindo do Tubarão Atoz prende-se a um dos mastros do navio, há preso nele uma pequena bolsa de couro. Um dos marinheiros a pega e leva ao seu Capitão. Long Piete joga o conteúdo do pequeno saco na sua mão e dele cai um pequeno anel, o Orc olha espantado para o objeto.

Donaar Bang, o conselheiro do Capitão bate em ombro e diz:

- Parece que o excêntrico jovem não tem interesse em se meter na guerra pessoal de vocês, prefere manter a amizade de dois inimigos...

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Abaixei a besta e dei um longo suspiro... “Espero ter feito a coisa certa...” – pensei. Quando me virei dei de cara com a Capitã.

- O que era aquilo?

- Nada... Você não ia precisar dele mesmo...

Ela me olhou confusa. Estaria eu ajudando seu inimigo mortal? Mas naquele momento ela parecia estar feliz por ninguém ter se machucado e resolveu confiar em mim pela primeira vez.

- Fez um bom trabalho, senhor Elthar – e pegou seu chapéu triangular de volta e colocou em sua cabeça.

- Onde está o meu? – indaguei.

- Ele era muito leve, se perdeu na ventania – se virou e saiu andando.

Dei um breve suspiro e murmurei em seguida:

- Droga! Já o segundo que eu perco essa semana!

Mas parece que aquele não era um bom dia para nós, à tarde encontramos outro navio no horizonte...

2 comentários:

  1. Ahuahuahuahuauha
    A bandeira do Van foi PHODA!!!

    Grande Van e suas clássicas idéias excêntricas!

    GO! GO! THIAGÃO!!!

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  2. - Espero que isso não tenha nada a ver com você, senhor Elthar! – disse-me a shaeran.

    - Como haveria de ter? De qualquer forma, não precisamos enfrentá-lo, o Tubarão Atroz é o navio mais rápido desses mares! – respondi-lhe.

    Imagina, q isso, ve la se o Van ia tar metido em alguma coisa assim ehehhehehehhehehe

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