segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Primeira Caçada

Capítulo 3 - A Biblioteca

Saímos do prédio e fomos em direção ao carro de Martin, por sinal, muito corajoso por parte dele parar um carro caro e novo em um bairro como esse. De qualquer forma, Martin, ou qualquer um dos outros que tinha acabado de conhecer pareciam não ter essas preocupações “mundanas”.

Martin destravou as portas do carro e enquanto entravamos, se abaixou e colocou a xícara de café no chão, eu não vi o que era, mas percebi que ele sorriu e acariciou alguma coisa próxima do chão, talvez, um cachorro?

Acho que não.

- Bom, Blissid, como você é nova vou explicar o que vamos fazer – começou Keane, que estava no banco de trás comigo, Martin ia dirigindo e Ruben ia ao banco de passageiro.

- Me chame de Sofia.

- Tudo bem, como quiser Sofia – continuou Keane – a primeira coisa que precisamos é conseguir informações, como você viu no computador.

- Certo, iremos ao museu então? – indaguei.

- Não! Não! Os policiais, sem ofensas, já fizeram tudo por lá. Vamos à biblioteca – nesse momento, Keane abaixou os olhos e perguntou sussurrando – vamos consultar o Necronomincon.

- O que é isso? – perguntei confusa, pensando já ter ouvido esse nome em algum conto ou filme de horror.

- É uma espécie de “Bíblia” do ocultismo, sobre quase tudo que se esconde atrás das sombras há algumas linhas escritas nesse livro. Antes ele era comum entre grupos como o nosso, afinal, é indispensável para o nosso trabalho, mas ultimamente, parece que todos eles têm desaparecido, daí então, a Noite garante acesso a uma pessoa de cada grupo a uma sessão especial da Biblioteca Municipal, onde não só o Necronomicon mas outros livros interessantes podem ser encontrados. No caso do nosso grupo, sou eu a pessoa quem tem acesso a essa sessão. Posso te dizer uma coisa? Lá não é um lugar agradável de se estar, e coincidentemente, ou não, nunca encontrei ninguém por lá, por mais tempo que eu passasse lá, ninguém de outro grupo de caçadores nunca apareceu por lá, bizarro, isso, não?

Eu não sabia o que pensar, aquilo parecia loucura demais para mim, mas tudo parecia tão real... Foi então que algo subitamente veio à minha cabeça:

- O nome do objeto era: “O Ídolo de Moisés”, não era? – Keane me encarou e mexeu a cabeça positivamente –

Mas como pode haver um ídolo de Moisés se ele detestava esse tipo de coisa?

Um silêncio pairou no carro, Keane, Ruben e Martin (pude ver pelo retrovisor) me encararam surpresos.

- O que foi? Nunca leram a Bíblia?

- Só tem bobagem naquele livro, não perco meu tempo com essas coisas – respondeu Martin arrogantemente.

- Não tem nenhuma no lugar de onde vim... – comentou Ruben.

- É... bem... no meu caso, digamos que eu... matei algumas aulas de catequese... – respondeu Keane meio sem jeito - Mas conte-nos mais, Sofia.

- Bom... eu também não sei muito, só o que aprendi na catequese e em alguns filme que assisti, por sinal, há um clássico sobre a história de Moisés. O que eu sei é que quando Moisés subiu no Monte Sinai para receber as tábuas da lei, os hebreus, que ficaram semanas esperando ao pé do Monte, temeram que Deus e Moisés os tivessem abandonado, por isso voltaram a adorar os ídolos Egípcios, juntaram todo o ouro que tinham, forjaram um grande ídolo – no formato de um carneiro – e começaram a adora-lo. Quando Moisés voltou e viu aquilo, ficou tão furioso que quebrou as Tábuas da Lei – com os mandamentos – dizendo que os homens não mereciam todo o trabalho que teve para se renderem tão facilmente aos ídolos mundanos.

Quando terminei de falar, Martin freou o carro em frente a um farol vermelho.

- Viu Ruben? A novata até que é esperta – comentou Martin.

- Você devia se envergonhar, Martin. Você é que devia nos ter contado isso.

- Digamos que eu estava muito ocupado na época, meu caro.

- Bom, - interrompeu Keane – isso explica algumas coisas... Na verdade, coloca alguns pontos de interrogação na história que não sabíamos que existia.

- De qualquer forma, o Ídolo da história de Moisés era bem grande, pelo menos no filme mostravam assim, não com apenas dez centímetros de diâmetro.

- É... mas como estava nas nossas informações iniciais, “O Ídolo de Moisés” é apenas um nome popular, popular não, dado por historiadores, e esse caras adoram inventar coisas que não fazem sentido.

- Droga de sinal! Não vai abrir? – interrompeu Martin com um grito – não temos a noite a noite inteira aqui! Abra logo!

Nesse momento, percebi que éramos os únicos na rua. Não havia nenhum outro carro ou pessoa nas redondezas. Martin deu uma buzinada forte e então o carro morreu.

- Droga! Mais essa! – disse ele nervoso tentando religar o carro, mas sem efeito.

- Tem alguma coisa estranha aqui... – comentei como se não estivessem me ouvindo.

- Você tem razão, garota, olhe aquilo – respondeu-me Ruben.

Havia alguma coisa caminhando sobre poste do farol, era difícil dizer a forma exata, era pequeno, totalmente obscuro, parecia ter umas seis patas finas que grudavam em volta do poste fazendo-o permanecer firme, em sua cabeça redonda, sem traços de boca, nariz ou algo parecido, apenas dois olhos vermelhos brilhavam como o farol ao lado.

- Não pode ser! Droga! Droga! Droga! – gritou Martin tentando abrir a porta do carro.

Tentamos todos abrir as portas, mas estávamos trancados por dentro, quando me virei percebi que criaturas parecidas se espalhavam pelo chão cercando nosso carro.

- Vou tentar fazer alguma coisa – comentou Ruben.

Nesse momento, confesso que não tinha visto coisa mais estranha, mas era apenas o começo do que eu ainda estaria para ver, ouvir e conhecer. Ruben encostou a cabeça no banco fechou os olhos e então seu corpo começou a derreter em até se tornar uma massa negra e adquirir uma forma líquida gosmenta. O amontoado de piche - como parecia - escorregou por entre as frestas do carro e desapareceu de minha vista.

Keane que parecia ignorar ou estar acostumado com o fato, falou assustado:

- São larvas! Criaturas demoníacas que possuem o corpo de organismos vivos para se desenvolverem, estas devem ter possuído animais, mas provavelmente você não vai conseguir identificar que tipo de anim....

Keane foi interrompido por um forte baque na janela do seu lado, uma larva, havia grudado no vidro, uma de suas patas fez uma pressão incrível contra o vidro, espatifando-o e acertando o ombro de Keane, que respondeu com um grito.

Minha reação foi instantânea, puxei meu revólver e descarreguei-o contra a criatura que, por sua vez, sentiu o impacto de cada bala, mas não parecia enfraquecida.

- Esse tipo de munição não funciona! – gritou Keane, com o ombro sangrando e o braço arranhado por cacos de vidro enquanto lutava contra a criatura

- Ora! Keane, você esqueceu de dar uma arma à novata? – gritou Martin nervoso – será eu tenho que fazer tudo? Pegue a minha, garota!

Ele me entregou uma arma, que eu nem tive tempo de olhar como era, só peguei, apontei e atirei contra a larva novamente, mas dessa vez, quando a munição tocou seu corpo ela se contorceu parecendo exprimir dor, mas ainda estava viva. Antes que eu atirasse novamente, Ruben, em sua forma humana, por assim dizer, agarrou-a do lado de fora do carro, jogou-a no chão e pisou em sua cabeça, fazendo-a estourar em uma mistura de piche com sangue. Logo em seguida, diversas criaturas começaram a se amontoar sobre ele.

Martin finalmente conseguiu ligar novamente o carro, se virou para mim e perguntou:

- Ei, Novata! Sabe dirigir?

- Claro que sim!

- Ótimo, então leve o Keane direto para a Biblioteca, lá vocês estarão protegidos.

Nesse momento, ocorreu outra coisa fenomenal, que machucou meus olhos e minha sanidade desacostumados. Martin levantou sua mão direita concentrado, pronunciou algumas palavras em um idioma que nunca imaginei existir e em seguida encostou a mão na porta ao seu lado. No instante seguinte, alguma espécie de energia, que com certeza não foi sua força, fez com que a porta se despregasse do carro voasse na direção de algumas larvas esmagando-as.

- Morram suas crias de Lúcifer! – gritou Martin descendo do carro e disparando contra diversas larvas que se contorciam até ficarem inertes.

Aproveitei a cobertura para pular para o banco da frente e acelerar o máximo que pude. Na polícia já havia passado por situações difíceis e perigosas, mas essa foi a situação mais anormal e pavorosa pela qual estava passando.

3 comentários:

  1. Putz... ficou grandão o texto!
    GO! GO! Thiagão!

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  2. muito bom thiagaum... ta super envolvente...
    mal espero a proxima parte...

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  3. Umm, pq ele pode jogar com formas de vida gelatinosas e au nao?


    ta bom ta bom, eu sei q a piada ja perdeu a graça mas to sem criatividade.

    da-lhe thiagao, continua q ta manero!

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