domingo, 8 de março de 2009

Piratas, Magia e Aranhas

Capítulo 3: Prisioneiros

Fomos todos levados a bordo do Fantasma Selvagem, ao todo de nossa tripulação que no começo eram cerca de sessenta homens, apenas oito sobreviveram, os piratas nos amarraram ao mastro central do navio, e nos deixaram lá enquanto pilhavam o nosso.

- Não sei quanto a vocês, mas eu ainda não vi o tal do Long Pieter – cochichou Banin enquanto estávamos amarrados. Nesse momento, ouvimos passos vindo em nossa direção.

- Hum... Prisioneiros... – Disse isso um enorme Orc musculoso, com o rosto bem desfigurado, tinha ele uma tatuagem de um polvo no ombro e segurava um chicote.

- Aí está ele – cochichou Capitão Adler.

Long Pieter nos observava atentamente, caminhou em torno dos mastro olhando a todos com um olhar ameaçador, quando passou por mim, parou e olhou fixamente para mim, se aproximou um pouco mais e gritou na minha cara:

- Qual o seu nome, Marujo!?

- Elthar, Van d’Elthar, Capitão.

- Van??? Van... AAAARRRR!!! Há quanto tempo, meu querido! – e me deu um abraço tão forte que achei que ia quebrar meu pescoço. Ele puxou a espada e cortou a corda que nos prendia - Não se lembra de mim, velho amigo?

Naquele momento foi como se tudo se abrisse na minha mente, como não tinha percebido isso antes? Piete foi um grande companheiro meu durante meus tempos de larápio nas ruas de Leonna, ele mais forte e eu mais ágil, mas há muito não o via, nunca imaginaria que poderia ter se tornado um pirata.

- Er... bom revê-lo, Piete – e estendi minha mão para cumprimenta-lo, meus companheiros de tripulação me olhavam completamente assustados.

Long Piete não afundou o Irene em consideração a mim, mandou parte de sua tripulação para o outro navio e seguiu viagem.

Naquela noite, Piete me convidou para jantar em sua cabine, lá conheci Donaar Bang, velho marinheiro, conselheiro de bordo de Piete. Jantamos em silêncio e quando terminamos sentamos em confortáveis poltronas, acendemos charutos therascanos, minha cabeça estava com mil pensamentos. Depois de soltar uma longa baforada, Piete quebrou o silêncio:

- Então Van... Resolveu se tornar um pirata também?

- Não diria que exatamente isso, não penso em fazer com outros navios o que você fez com o nosso – quando disse isso, Donaar Bang, olhou para mim e sorriu, o homem se manteve apenas ouvindo toda a conversa.

- Aye! O velho Van com seu senso de humor! Se bem me lembro você é o maior larápio que já conheci na minha vida! Será muito bem vindo como parte da minha tripulação!

- Já lhe disse Piete, não tenho interesse em pirataria nesse estilo, há muito parei de pegar dos outros o que não é meu, e achei que você também tivesse parado, afinal nunca mais o vi depois daquele dia... – Piete deu um suspiro -... e nem Tamela – completei.

O Capitão se levantou e caminhou até a janela, e ficou olhando através dela, lá fora o céu estava limpo e estrelado.

- É mesmo... você não soube do que aconteceu naquele dia, não é? Vou contar como foi – ele se virou olho para nós dois e começou a contar – havíamos nós três naquela noite invadido uma joalheria, não? Mas algo deu errado e dono conseguiu chamar os guardas, na fuga Tamela e eu acabamos nos separando de você, foi a última vez que nos vimos.

Ajeitei-me na poltrona e olhei atentamente para Piete.

- Enquanto Tamela e eu corríamos, um dos guardas que nos perseguia atirou com uma besta e acertou bem no coração de Tamela, ela caiu no chão com um grito agudo. Voltei e tentei reanima-la, não podia aceitar a idéia de estar perdendo-a, eu amava muito aquela garota. Então uma raiva gigantesca tomou conta do meu espírito, saquei minha espada corri para cima dos guardas como um louco, derrubei dois deles, mas um outro consegui me dar uma pancada na cabeça e me desmaiar. Quando acordei já estava dentro de uma cela da Rocha Prisão de Leonna. Passei lá três anos, quando me libertaram, a primeira coisa que fiz foi descer de volta à região do lago e visitar a rua onde Tamela fora morta. Assim que cheguei lá, ouvi alguns murmúrios e gemidos muito parecidas com a voz de Tamela, quando me dei conta percebi que algo branco e translúcido girava em círculos bem acima de mim, aquela coisa se aproximou de meu rosto e formou o rosto de Tamela. Saí de lá correndo o mais rápido possível. Veja só... o espírito de Tamela, minha querida garota, havia se tornado um fantasma que assombra as ruas de Leonna...

Meus olhos ficaram arregalados com essa história e não nego que deixei algumas lágrima escaparem de meus olhos.

Piete recobrou sua postura anterior, sentou-se na poltrona novamente e continuou:

- Desde então, venho tentado encontrar uma forma de libertar o espírito de Tamela dessa condição – ele deu uma breve pausa e completou – é aí que você entra, meu amigo.

- Eu? Me desculpe Piete, mas não conheço nenhum tipo de ritual capaz de libertar fantasmas.

- Não é isso, Van. Na verdade, já descobri como fazer isso. Existe um artefato, criado pelo próprio Deus da Morte, que odeia mortos-vivos e é capaz de esconjura-los.

- Ah e deixe-me adivinhar: você quer que o roube para você.

- Cale-se, não me interrompa! Lembre que você ainda está diante do maior pirata dos mares de Ymirian! – gritou Piete e eu me encostei na poltrona – como eu dizia, esse não é exatamente o artefato que deve pegar e sim um objeto que me dará acesso à ele, um anel para ser mais específico.

- E se você é o maior pirata de Ymirian, porque você mesmo não o pega?

- Porque meu navio não pode nem mesmo ser visto no lugar onde o anel está. Já ouviu falar de Namira Archinis?

- A governadora da colônia therascana de Aurengard?

- Parece que você não é um desconhecedor total do mundo marítimo, hein, Van? É ela mesma, na verdade, a governadora é uma poderosa feiticeira que construiu ela própria o anel que procuro.

- E o que esse anel faz?

- Ele tem o poder de afundar ou emergir uma ilha inteira. Namira como boa pirata que é, mas esconde ser, colocou a Relíquia do Deus da Morte em uma baú, enterrou o baú em uma ilha e logo em seguida usou o poder do anel para subermergi-la.

- Bom... você me convenceu, Piete, afinal não tenho escolha, não é?

- A não ser que você e seus amigos queiram andar na prancha e encontrar o baú de Davy Jones... E lembre-se, você não terá como fugir de mim, se me passar a perna ainda posso encontrar em qualquer lugar onde haja mar e então nossa antiga amizade não será capaz de salva-lo.

Depois de uma semana de viagem, voltamos todos para o Irene, já haviam feito alguns reparos, mas estava ainda deplorável. Navegamos por mais um dia até que na manhã do dia seguinte aportamos na Colônia de Aurengard.

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