sábado, 14 de março de 2009

Piratas, Magia e Aranhas

Capítulo 6: A Mansão


Chegamos à mansão da Governadora. Ela encontrava-se no topo de uma colina verde, em volta, havia lá um casarão, com um belo jardim à frente, era cercado por várias plantações de cana-de-açucar, no meio das plantações podia se ver uma grande construção de madeira, um engenho. Os guardas da Mansão abriram os portões sem estranhar o novo cocheiro, já deviam estar acostumados com estranhos naquele lugar.

Parei o carro em frente ao casarão, desci, abri a porta da charrete e dei a mão para ajudá-la a descer. Minha espinha até gelou com a frieza de sua mão, carregada de jóias por sinal, era provavelmente uma daquelas que Long Piete estava procurando, mas eram tantas! Como eu ia descobrir?

Quando entramos na casa, a Governadora se virou para mim e disse:

- Meu criado vai lhe acompanhar para que possa se preparar para o jantar, nos encontramos daqui uma hora – e subiu para seu quarto.

“Espero que o jantar não seja minha cabeça” – pensei.

Um homem muito bem vestido e educado pediu para que eu o seguisse, levou-me para um quarto de visitas, ou abatedouro, como pensei logo que cheguei, ele me disse que traria roupas e pediu para que eu me sentisse a vontade. Sentir-se a vontade naquele lugar foi uma coisa que não senti durante todo o tempo que estive lá, tudo me parecia suspeito: as cortinas, o armário, a cama.

Tomei banho com minha espada na mão se caso alguma coisa acontecesse, quando terminei o criado chegou com as roupas, muito finas, diga-se de passagem, vesti-as, mas não pude deixar de ter pena do último homem que a vestiu, provavelmente uma das vítimas de Namira.
Saímos e fui seguindo o criado pelos corredores largos e sombrios, o único ruído que se ouvia era o dos nossos passos, passamos pela sala de jantar, que estava com a mesa vazia, o criado, percebendo minha desconfiança, disse-me:

- A Governadora deseja jantar com o senhor em seu próprio quarto.

“Huh? Então ela quer ter um filho meu antes de me matar?” – pensei, a paranóia era algo que atormentava de maneira devastadora, mas me mantive firme, “Afinal todo esse sentimento pode ser parte de algum encantamento que Namira espalhou em sua casa”.

Entrei em um quarto com uma grande porta dupla, o criado me anunciou e fechou porta. Havia no quarto, uma cama com uns dez metros quadrados, um véu negro a cobria. Havia também um grande armário e uma penteadeira com um espelho que mostrava uma imagem minha bem destorcida, por sinal a iluminação do lugar era bem precária, basicamente um pouco das estrelas que entrava pela janela e uma única vela queimando em uma mesa de jantar no centro do quarto.

- Sente-se, querido, nosso jantar já deve estar esfriando – disse Namira saindo das sombras.

Ela estava estonteante, seu cabelo preso deixava à mostra seu lindo pescoço e o formato perfeito de seu rosto, trajava um belo vestido negro com bordados dourados. Por um momento pensei que toda essa minha paranóia era apenas um preconceito bobo baseado em boatos, e que talvez Namira fosse uma boa pessoa."Não! É assim que os homens desavisados caem em seus truques!"

Sentamos à mesa e ela começou a comer, hesitei um pouco pensando estar envenenada, mas minha fome era grande, respirei fundo e dei uma garfada, "muito saborosa", pensei, "só espero que não me mate".

De repente, Namira soltou seus talheres olhou nos meus olhos e disse:

- Ah! Preciso te devolver isso, Van!

- Deve estar enganada, senhora, meu nome é Trevor, se não se lembra – disse engasgando e precisei tomar um gole de vinho para passar.

Ela levou a mão à sua cintura e jogou uma bolsa na minha direção, agarrei-a assustado, quando a bolsa bateu em minha mão um barulho de moedas soou.

- Não preciso do seu dinheiro, querido, já tenho bastante se é que entende.

E dizendo isso sua imagem começou a se embaçar como que por efeitos mágicos até sua aparência e inclusive suas roupas mudarem para a forma do viajante que me deu as informações na Taberna da Estátua Dourada, ele sorriu para mim e voltou à imagem de Namira, ela colocou os cotovelos na mesa e apoiando seu queixo nas mãos sorriu e piscou para mim.

Levantei-me assustado, derrubando a cadeira, saquei rapidamente meu revolver e apontei para seu rosto.

- Sua bruxa! Nunca me dei bem com as mulheres do seu tipo mesmo!

A feiticeira, sem expressar a menor surpresa, se ajeitou e voltou a comer, depois de uma garfada e um gole de vinho me disse:

- Mas, não se preocupe amor, eu prefiro essa forma que você está vendo agora.

- Porque me disse aquelas coisas sobre você? – interroguei-a, confuso.

- Ora... é o que dizem por aí sobre mim, um pirata novato como você também deveria se inteirar sobre os boatos – respondeu ela com tranquilidade – mas sente-se e voltemos a comer.

- Governadora, eu exijo que pare de falar assim comigo! – e segurei com mais firmeza o revolver.

- Van, meu amor, está me deixando assustada assim... – e me olhou com olhos meigos.

Tive certeza que ela estava naquele momento me lançando um encantamento, minha mão quase soltou o revólver, mas pensei “Não acredite nela, seu idiota! Ela é uma feiticeira que mata homens como você!”. Foi então que olhei para o prato onde estava comendo e vi que lá havia uma aranha, como a que caminhava sobre a face da Estátua Dourada. Estendi minha mão sobre a mesa para que a aranha subisse na palma dela.

- O que vai fazer com esse bicho, querido? – perguntou ela aparentando surpresa.

- Isso! – joguei a aranha no chão e a esmaguei com minha bota.

Namira arregalou seus olhos e levantou-se bruscamente, bateu com as costas das mãos na mesa, fazendo-a voar para a esquerda com uma força que ninguém imaginaria que ela teria, ela grunhiu na minha direção, e com mágica, suas pernas se transformaram num abdômen de aranha com um conjunto de oito patas, sua altura chegou a mais de dois metros e meio. Minha reação foi puxar o gatilho do revolver, seguido de um disparo ensurdecedor.

Quando a fumaça se dissipou, Namira, com seu corpo humano, estava sentada de volta em sua cadeira, estava com o rosto virado para o lado, como se estivesse envergonhada, havia um pequeno arranhão em seu rosto. Naquele momento quase larguei minha arma, nunca pensei que poderia atacar uma mulher, mas naquele caso era diferente.

- O que quer comigo, estrangeiro? – perguntou ela.

- Fui mandado para roubá-la, mas não penso em fazê-lo – minha mão com o revolver estava tremendo.

- Long Piete o mandou aqui então? Ele é o único homem que ainda acha que pode me roubar – e deu um breve suspiro.

- Sim, mas não vim até você para isso. A madame, é única pessoa que pode me ajudar – abaixei um pouco a arma – não quero rouba-la, mas também não quero ser pego por Piete.

- E porque depois do que aconteceu eu deixaria você sair vivo daqui e ainda o ajudaria? – antes que eu pudesse responder tão complicada pergunta, ela mesma respondeu – Porque eu gostei de você.

Depois de tomar um tiro no rosto? Que estranho, isso estava me parecendo fácil demais. Ela se levantou e foi até sua penteadeira, lá pegou uma pena e um papel, enquanto escrevia ela disse:

- Quero ver você longe daqui, por isso o colocarei no navio mais rápido de um dos meus melhores capitães, Long Piete nunca o pegará. Qual é mesmo o seu sobrenome?

- Elthar, Van D’Elthar.

Quando terminou de escrever, queimou um de seus anéis com cera quente e selou o envelope com seu brasão. Quando me entregou a carta, toquei mais uma vez em sua mão gélida, ela então me disse:

- Vá ao porto e procure pelo capitão do navio “Tubarão Atroz” – se aproximou do meu ouvido e me disse em voz baixa – sabe Van, eu até me casaria de verdade com você...

- Lamento minha senhora, mas eu nasci para ser homem livre.

E dizendo isso, me virei e saí daquela mansão o mais rápido que pude.

4 comentários:

  1. Ahahahaha!!! A paranóia do Van foi phoda!!!

    Deu pra ver o momento em que o Van passou no teste de Vontade contra algum encantamento (a magia Sugestão?). Legal.
    Dessa vez vc escapou de escrever sacanagem, mas isso não durará para sempre!!!! Mwuahahahaha!!!

    GO!GO! THIAGÃO!!!

    PS.: Editei alguns erros...

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  2. ok^^ vlw XD

    cenas picantes ainda virão...

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  3. sem cenas de sacanagem??

    td bem, dessa vez passa pq ficou foda!! hehehe

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  4. Aiaiai... naum teve sacanagem... e foi relativamente facil para o Van... ele precisa sofrer mais... kkkk

    \o/

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